O lendário bar do Bracutaia na Praia de Gargaú
O cenário
ainda é o mesmo. Um bar rústico em uma esquina de Gargaú que, nos finais de
semana, costuma receber fregueses em busca de pratos típicos, como camarão,
peixe frito e o tradicional caranguejo, iguaria que é a marca registrada da
praia. Mas é um pequeno balcão, na parte interna do estabelecimento, com garrafas
de cachaça curtidas em cobra, marimbondo, escorpião e ervas que dá a dica aos
mais desavisados. Ali é o bar do Bracutaia, onde mora grande parte do folclore
do litoral de São Francisco de Itabapoana.
Vindo de
Pernambuco com fama de ser descendente de cangaceiros - e até mesmo parente
próximo de Lampião - como ele mesmo costumava afirmar, Luiz da Costa Gomes, o
Bratucaia, passou a tocar o estabelecimento comercial há 45 anos, ficando por
35 à frente dos negócios até ir morar na Região dos Lagos, há uma década. O
período que viveu em Gargaú, porém, foi o suficiente para o comerciante
nordestino se transformar em uma espécie de lenda naquela praia.
Entre as
tantas histórias, a principal delas é que Bracutaia costumava virar lobisomem.
A confirmação desse bizarro hábito vinha da boca do próprio. “Bracutaia gostava
de alimentar a lenda em torno de si. O bar sempre foi muito visitado devido à fama
alcançada por ele e, quando perguntado se era verdade que virava lobisomem, ele
falava que sim”, conta o aposentado Hugo Queiroz, lembrando que o parentesco
com o Rei do Cangaço também era sempre confirmado.
Aos 86 anos,
Bratucaia retornou da Região dos Lagos, onde mantinha uma barraca na Praia
Rasa, em Búzios, e vive hoje em
Campos. O famoso bar é administrado por seu filho, Jorge
Rodrigues Gomes, conhecido como Paraíba, que o mantém com suas características
originais. Além das famosas cachaças curtidas, uma variedade de fotografias,
pôsteres e escudos do Botafogo ajudam a compor o ambiente.
Sobre o
episódio que culminou com o afastamento da lendária figura da praia, Paraíba
relata com tristeza. “Meu pai criava uns bichos para servir de atração para os
turistas. Ele não matava os animais e não praticava maus tratos. Aqui existiam
jacarés, tartarugas e outras espécies. Mas a policia veio aqui para enquadrá-lo
por crime ambiental e ele acabou ficando detido por 12 dias. O desgosto fez com
que optasse por abandonar Gargaú”.
Hugo Queiroz testemunhou a chegada do comerciante a
Gargaú e o descreve como uma grande figura. “Ele era a atração da praia. Nunca
fez mal a ninguém e sua prisão foi uma injustiça, pois os bichos eram criados
na própria maré, nos fundos de seu bar. Não existia nem cativeiro. Sua fama contribuía
também para divulgar o nome de Gargaú, pois aqui vinha gente de várias cidades
e também equipes de reportagem para conhecer de perto as histórias de
Bracutaia”.Maurício Barreto
Parabéns pela matéria.
ResponderExcluir