quarta-feira, 4 de julho de 2012

Nossa História


O lendário bar do Bracutaia na Praia de Gargaú





O cenário ainda é o mesmo. Um bar rústico em uma esquina de Gargaú que, nos finais de semana, costuma receber fregueses em busca de pratos típicos, como camarão, peixe frito e o tradicional caranguejo, iguaria que é a marca registrada da praia. Mas é um pequeno balcão, na parte interna do estabelecimento, com garrafas de cachaça curtidas em cobra, marimbondo, escorpião e ervas que dá a dica aos mais desavisados. Ali é o bar do Bracutaia, onde mora grande parte do folclore do litoral de São Francisco de Itabapoana.
Vindo de Pernambuco com fama de ser descendente de cangaceiros - e até mesmo parente próximo de Lampião - como ele mesmo costumava afirmar, Luiz da Costa Gomes, o Bratucaia, passou a tocar o estabelecimento comercial há 45 anos, ficando por 35 à frente dos negócios até ir morar na Região dos Lagos, há uma década. O período que viveu em Gargaú, porém, foi o suficiente para o comerciante nordestino se transformar em uma espécie de lenda naquela praia.
Entre as tantas histórias, a principal delas é que Bracutaia costumava virar lobisomem. A confirmação desse bizarro hábito vinha da boca do próprio. “Bracutaia gostava de alimentar a lenda em torno de si. O bar sempre foi muito visitado devido à fama alcançada por ele e, quando perguntado se era verdade que virava lobisomem, ele falava que sim”, conta o aposentado Hugo Queiroz, lembrando que o parentesco com o Rei do Cangaço também era sempre confirmado.
Aos 86 anos, Bratucaia retornou da Região dos Lagos, onde mantinha uma barraca na Praia Rasa, em Búzios, e vive hoje em Campos. O famoso bar é administrado por seu filho, Jorge Rodrigues Gomes, conhecido como Paraíba, que o mantém com suas características originais. Além das famosas cachaças curtidas, uma variedade de fotografias, pôsteres e escudos do Botafogo ajudam a compor o ambiente.
Sobre o episódio que culminou com o afastamento da lendária figura da praia, Paraíba relata com tristeza. “Meu pai criava uns bichos para servir de atração para os turistas. Ele não matava os animais e não praticava maus tratos. Aqui existiam jacarés, tartarugas e outras espécies. Mas a policia veio aqui para enquadrá-lo por crime ambiental e ele acabou ficando detido por 12 dias. O desgosto fez com que optasse por abandonar Gargaú”.
Hugo Queiroz testemunhou a chegada do comerciante a Gargaú e o descreve como uma grande figura. “Ele era a atração da praia. Nunca fez mal a ninguém e sua prisão foi uma injustiça, pois os bichos eram criados na própria maré, nos fundos de seu bar. Não existia nem cativeiro. Sua fama contribuía também para divulgar o nome de Gargaú, pois aqui vinha gente de várias cidades e também equipes de reportagem para conhecer de perto as histórias de Bracutaia”.


Maurício Barreto

Um comentário:

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